sábado, 21 de novembro de 2020

Exercício do Conhecimento - Literatura de Países de Língua Portuguesa

 Questão 1 de 5

O classicismo português é marcado pela presença de um dos maiores nomes da literatura portuguesa: Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas é um dos poemas mais expressivos da cultura e história de Portugal. Os versos abaixo são os que iniciam esta obra:

“As armas e os barões assinalados

Que, da Ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

E em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a forca humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram.

E também as memorias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fe, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando:

— Cantando espalharei por toda a parte

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” (CAMÕES, 1993, I, 1-2)

Os Lúsíadas é considerado um poema épico, tanto pela forma, como pela temática que aborda, já que:

A - discorre a respeito dos portugueses que viajaram às Índias, utilizando versos decassílabos em um soneto.

B - narra fatos mitológicos em relação à história portuguesa, e é elaborado em prosa, o que é comum no gênero épico.

C - o assunto tratado no poema diz respeito não somente à história portuguesa, e sua forma está relacionada aos modelos tradicionais greco-latinos. Resposta correta

D - trata de grandes feitos portugueses, que mudaram o curso da história, e sua forma está ligada à lírica camoniana.

E - Vasco da Gama é um grande herói português, pois funda uma cultura nova no país, e sua forma recorda as obras de Virgílio.

Questão 2 de 5

O poema abaixo é de autoria de Almeida Garret, grande nome do Romantismo Português:

“ESTE INFERNO DE AMAR

Este inferno de amar - como eu amo! –

Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?

Esta chama que alenta e consome,

Que é a vida - e que a vida destrói –

Como é que se veio a atear,

Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,

A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez... - foi um sonho

Em que paz tão serena a dormi!

Oh!, que doce era aquele sonhar ...

Quem me veio, ai de mim!, despertar?

Só me lembra que um dia formoso

Eu passei... dava o Sol tanta luz!

E os meus olhos, que vagos giravam,

Em seus olhos ardentes os pus.

Que fez ela?, eu que fiz? –Não no sei;

Mas nessa hora a viver comecei ...”

Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000011.pdf. Acesso em 16 jan. 2020.

A primeira e a última estrofes do poema mostram uma contradição no que o eu-lírico defende como amor. Assinale a alternativa que apresenta essa contradição:

A - A primeira estrofe associa o amor ao fogo destruidor, já a última como um renascimento.

B - A primeira estrofe associa o amor ao sofrimento, enquanto a última apresenta uma visão positiva. Resposta correta

C - A primeira estrofe caracteriza o amor como algo que deve ser apagado, enquanto a última como um sentimento vago.

D - A primeira estrofe caracteriza o amor como infernal, já a última como algo celestial.

E - A primeira estrofe mostra o amor como algo positivo, que deve ser vivido, enquanto a última como algo negativo.

 

Questão 3 de 5

O Humanismo foi um período muito rico em relação à produção literária. Obras como o Cancioneiro, as crônicas de Fernão Lopes e a obra de Gil Vicente. A obra vicentina criticou muitos aspectos da sociedade em que estava inserida.

Leia um trecho da peça Auto da Índia, que tem como tema a viagem à Índia de um homem que deixa sua esposa sozinha:

“LEMOS Deixai-me cantar, senhora.

AMA A vizinhança que dirá,

Se o meu marido aqui não está,

E vos ouvirem cantar?

Que razão lhe posso eu dar,

Que não seja muito má?

(...)

MOÇA Quantas artes, quantas manhas,

Que sabe fazer minha a ama!

Um na rua, outro na cama!

(...)

AMA Mas que graça, que seria,

Se este negro meu marido,

Tornasse a Lisboa vivo

Pera a minha a companhia!

Mas isto não pode ser,

Que ele havia de morrer

Somente de ver o mar.”

Na leitura do trecho, fica evidente

A - a crítica de Gil Vicente ao comportamento de Ama, que prefere o marido longe de casa, divertindo-se com outros homens. Resposta correta

B - a crítica de Gil Vicente ao que afirma Ama, que acredita que o marido é covarde para empreender a viagem às índias.

C - que a personagem Lemos seduz Ama, que prefere ser fiel ao marido, que está em viagem.

D - que a personagem Moça aconselha erradamente Ama, criticando sua postura em relação aos homens.

E - que Ama preza pela honra do marido, mas que é seduzida pela personagem Lemos.

 

Questão 4 de 5

Viagem à minha terra é o romance mais conhecido de Almeida Garret. Como o título indica, o romance narra uma viagem por Portugal em que traz várias reflexões a respeito do que vê no país:

“Ora nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso social: espero que o leitor entendesse agora. Tomarei cuidado de lho lembrar de vez em quando, porque receio muito que se esqueça.

Somos chegados ao triste desembarcadouro de Vila Nova da Rainha, que é o mais feio pedaço de terra aluvial em que ainda pousei os meus pés. O sol arde como ainda não ardeu este ano.

Um imenso arraial de caleças, de machinhos, de burros e arrieiros, nos espera naquele descampado africano. É forçoso optar entre os dois martírios da caleça, ou do macho. Do mal o menos... seja este.

E acolá, oh, suplício de Tântalo! vejo duas possantes e nédias mulas castelhanas jungidas a um veículo que, nestas paragens aos pé daqueloutros, me parece mais esplêndido do que um landau de Hyde Park, mais elegante do que um caleche de Longchamps, mais cômodo e elástico do que o mais aéreo brislta da Princesa Helena. E contudo — oh mágico poder das soituações! — ele não é senão uma substancial e bem apessoada traquitana de cortinas.”

Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000012.pdf. Acesso 16 jan. 2020.

No trecho, fica evidente que o narrador

A - critica a condição dos animais que o levariam na viagem.

B - critica o que vê na viagem e, consequentemente, Portugal como um todo. Resposta correta

C - descreve como triste boa parte das paisagens que presencia.

D - descreve de modo romantizado o interior de Portugal.

E - descreve e critica sua escolha por empreender a viagem.

 

Questão 5 de 5

Gil Vicente é o maior nome do teatro português medieval, bem como um dos nomes mais importantes do Humanismo português. Em suas peças, o autor costuma trazer questões morais, éticas para serem discutidas, por meio da ação de suas personagens. Uma de suas peças mais famosas é “O velho da horta”, leia o diálogo inicial do texto:

“Velho — Senhora, benza-vos Deus,

Moça — Deus vos mantenha, senhor.

Velho — Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus.

Moça — Mas no chão.

Velho — Pois damas se acharão que não são vosso sapato!

Moça — Ai! Como isso é tão vão, e como as lisonjas são de barato!

Velho — Que buscais vós cá, donzela, senhora, meu coração?

Moça — Vinha ao vosso hortelão, por cheiros para a panela.

Velho — E a isso vinde vós, meu paraíso. Minha senhora, e não a aí?

Moça — Vistes vós! Segundo isso, nenhum velho não tem siso natural.

Velho — Ó meus olhinhos garridos, mina rosa, meu arminho!

Moça — Onde é vosso ratinho? Não tem os cheiros colhidos?

Velho — Tão depressa vinde vós, minha condensa, meu amor, meu coração!

Moça — Jesus! Jesus! Que coisa é essa? E que prática tão avessa da razão!”

VICENTE, Gil. Velho da horta. Disponível: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00116a.pdf. Acesso 10 nov. 2019.

O trecho da conversa entre o Velho e a Moça revela:

A - a conduta da Moça, que lamenta o comportamento do Velho, que a associa a classes mais baixas.

B - a conduta exemplar do Velho em relação à Moça, em que se destaca sua moral.

C - a crítica da Moça em relação à postura do Velho, na sua maneira de conduzir sua horta.

D - a crítica implícita de Gil Vicente na fala da Moça, que repreende a conduta do Velho. Resposta correta

E - a postura do Velho em relação à Moça, que se preocupa em oferecer os produtos que ela precisa.

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